quarta-feira, 21 de março de 2012

"Lucky girl".... ou não.


Nunca fui uma pessoa com muita sorte... sempre perdia no bingo e o máximo que ganhei numa rifa de almoço foi uma garrafa de suco de uva. Mas sabe aquela sensação estranha de que tudo está indo bem demais pra ser verdade? Pois então... era o que eu vinha sentindo até então.

Desde que eu cheguei, as coisas sairam perfeitamente dentro do esperado: voos no horario certo, malas chegaram sem problema, comunicação tranquila com as pessoas, homestay muito bacana, amigos de todos os lugares do mundo...   Conversando com alguns colegas, principalmente brasileiros, ouvi muitas histórias em que as coisas davam errado o tempo todo. E eu só pensava: bah, mas eu devo ter sorte...

Pra completar, arrasei na noite do boliche da galera da escola com uns 5 strikes, além disso, em quase uma semana eu ainda não tinha visto chuva. Uma legítima "lucky girl", uma garota de sorte, como diziam por aqui. Óbvio que eu já tava me achando né? Pois é. Estava. Eis que surge o primeiro problema. Um grande problema, eu diria. O único que não poderia acontecer com um estrangeiro.

Fui abrir minha conta no Banco na quinta-feira, junto com uma brasileira, a Bruna - que é a cara da Ivete Sangalo, vocês precisam ver. Levamos a carta da escola e o passaporte, solicitamos nossa conta, tudo ok. Só era preciso passar no dia seguinte para fazer um depósito inicial e obter nosso número da conta. Ok... Fiz o caminho habitual pra escola e de lá para homestay. Toda a vez que eu chego em casa, tenho o hábito de organizar minhas coisas pra ver se tá tudo ok, se esqueci de algo, coisas assim. Eis que surge o primeiro problema. Não encontro minha capa do celular. Ok, deve ter ficado na escola. Ao olhar minha carteira, não encontro meu cartão de estudante da escola. Ok, devo ter esquecido no lugar em que comprei as passagens ou em algum bolso. Sem problemas. Mas quando eu não achei o meu passaporte... aí a coisa começou a ficar feia.

Revirei tudo que dava. Pânico: afinal de contas, meu único documento aqui até agora é meu passaporte. Senta, respira, repensa cada movimento feito no dia, confere tudo. No dia seguinte começa a procura: Na escola nada, banco nada também. O negócio é fazer uma ocorrência na polícia, a Garda. A policial que me atendeu foi extremamante simpática e prestativa. Registrou minha ocorrência e na mesma hora ligou para outros postos pra ver se alguém havia encontrado. Além disso, foi atrás do endereço da embaixada brasileira em Dublin e fez questão de ligar pra lá para que eu conversasse com alguém para ver o funcionamento do procedimento.

Bem ao contrário da pessoa que me atendeu na Garda, o homem ao telefone na embaixada brasileira foi extramemente rude. Se negou a me informar o procedimento para solicitar outro passaporte, indicando que eu checasse o website. Duas vezes. E ainda disse que só atendeu o telefone porque achava que se tratava de uma ocorrência importante, como uma morte. Ok, não tenho internet em casa, como faço? "Procure um café ou outra coisa. Você encontra internet em qualquer lugar." A policial da Garda ficou surpresa quando eu expliquei o que me foi dito ao telefone. Ela não acreditava. Nem eu.

É bom saber que mesmo com pessoas assim no mundo, a gente encontra gente boa também. Foi o caso da Cris, uma brasileira que estuda na mesma escola e já está indo embora. Ela me deu a maior força, foi comigo em todos os lugares e me deu dicas valiosíssimas. 

Enfim, restou planejar minha ida à Dublin pra fazer um passaporte novo. Nesse trajeto, outro resquício de sorte: uma ex-colega de escola, a Dima, mora em Dublin e foi super dez me oferecendo lugar pra ficar. E de quebra, a casa dela é pertinho da embaixada.  Bom, só me restava rezar pra São Longuinho e fazer promessa pra St. Patrick: se eu encontrasse o passaporte, ia tomar 4 pints!
Feita a promessa, acendido vela, e contando com uma ajuda especial das preces da minha vó, que reuniu a vizinhança toda pra rezar o terço, o passaporte aparece! Como?
Lembram da Ivete Sangalo do início da história? Me ligou na terça-feira de manhã dizendo que meu passaporte estava nas coisas dela.... eu disse pra ela "Eu quero te matar... mas eu quero te dar um abraço!!"

Moral da história:
- a sorte tá comigo mesmo;
- reza braba da galera ajuda;
- promessas pra São Patrício funcionam. Só não sei se ele aceita pagamento parcelado.

5 comentários:

  1. Será que todo Brasileiro que trabalha com esse tipo de Atendimento e Serviços ao Publico tem que ser grosso?

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    1. Sim Gabriel!!! É requisito nacional nosso hahahaha!
      Somos sempre mal educados e despreparados para o poder, mesmo q este seja mínimo...

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  2. Ô lindinha que sufoco!!!!! Vê se não fica muito tempo sem atualizar o blog pq vc conhece o Gabi né... notícias da Celli? Resp: tá bem....assim bem sucinto. Tô com saudade.
    bjs
    sogrinha

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  3. Celli que susto !! Faz parte da familia veja eu que fui roubada no mundial de dermato e meu pai esqueceu o dele em casa e tu e teu pai foram levando levar pra ele,faz parte da familia , mas no fim temos muita sorte e acaba tudo bem,beijos, qualquer coisa recorra sim a embaixada brasileira.

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  4. Tu precisa ter uma copia autenticada do teu passaporte uma contigo e outra com teu pai, providencia a tua e envia outra pro teu pai, foi um aviso , fica antenada. Minha flor.

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