segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eurotripando por aí (6) - Edimburgo

Vista do Castelo de Edimburgo

Nem deu tempo de respirar em Galway, já me mandei pra terra do Monstro do Lago Ness (mas não visitei o dito cujo). A Escócia é um lugar que sempre tive vontade de conhecer. Eu já fazia parte da banda escocesa do colégio e amava o xadrez escocês dos kilts, o chamado tartan (momento cultural). Num impulso incosequente, me mandei pra Edimburgo pra passar dois dias de chuva com uma galera da escola.  Ah sim, você deve estar se perguntando... “inconsequente por quê?” Tá... talvez você não esteja se perguntando, mas eu explico de qualquer forma.

A cabeçuda aqui fez a maior pressão na galera pra viajar no final de semana do dia 9 de junho e passar 3 ou 4 dias. Só que a cabeçuda também esqueceu que era o mesmo final de semana do show do Mumford & Sons, cujo qual eu havia comprado ingresso há mais de um mês. Esperta né? Pena que só me dei conta disso minutos DEPOIS de termos comprado as passagens. Tive que voltar antes, porque né... não ia perder o show.
 
Perdeu, playboy

E aqui galera, fica a dica: Ryanair às vezes não é tão legal assim. Tudo bem que é um Visatão voador com preços super legais, que te leva por toda Europa. Porém, essa promoção toda tem seu preço. Como o serviço de compra funciona basicamente pela internet, tudo que você fizer de errado... bem, a culpa é sua. Você paga por isso. No meu caso, por exemplo, compramos seis passagens juntas. Eu gostaria de mudar apenas o meu voo para um dia antes. Ok, posso fazer isso, BUT tem que pagar uma taxinha básica de 60 euricos. Ahhh errou o nome também? Sem problema, pague mais 110 euros que tá de boa, aí sim você pode embarcar. Resumindo a novela: se tu fez bobagem, vale mais a pena comprar outra passagem e perder essa grana do que modificar alguma coisa no teu voo.

Pra quem não conhece: a Ryanair é uma companhia aérea low cost, ou seja, faz voos por preços acessíveis. Por exemplo: minha ida e volta de Dublin até Edimburgo teria custado por volta de 45 euros (se eu não tivesse cagado na vara).  Então, é realmente barato.  Outra coisa: na hora da bookar o voo têm muitos “pega-ratão”. Durante o momento da compra, muitos serviços acabam sendo assinalados sem querer, como seguro de vida, aluguel de carro, bagagem extra, etc., aumentando o preço do ticket sem tu te dar conta. Então, fique esperto.

E mais: pelo preço da passagem, só é possível levar bagagem de mão que não ultrapasse o tamanho de 55cm x 40cm x 20cm, pesando no máximo 10 kg. E tem que enfiar tudo ali.. bolsa, chave, câmera... Tem até uma gaiolinha bem simpática em frente do check in pro pessoal averiguar se tua mala entra ou não. Não é difícil ver neguinho apanhando pra fazer caber. Ah, não coube? Extra charge pra ti: paga. Ou então, faça como eu e milhares de passageiros: vista todas as blusas que tu tens, enfie as lembrancinhas no bolso, finja que caiu na cantada do atendente... São inúmeras possibilidades de dar um jeitinho brasileiro nessa situação e sem precisar fazer nada ‘ilegal’.

Fala de Edimburgo, guria!

Dados os toques sobre Ryanair, vamos a Edimburgo. O sotaque forte já é logo visto no nome da cidade. Edinburgh, ou melhor “Edimbrrááá”, que aprendi a pronunciar em uma aula de inglês com o Jeff na Skill, é melancolicamente encantadora. O cenário faz tu se sentir em algum filme à lá Sherlock Holmes. Mesmo com dois dias de tempo péssimo, chuvoso e nublado, é fácil perceber a beleza da cidade. De fato, acho que até deu um clima mais escocês. Mas o frio era super dispensável. Errei no figurino, pra variar.

A gente ficou num hostel muito bom, o Westend, localizado na Palmerston Place, pertinho da St. Mary’s Cathedral. O problema era o atendente. Sabe aqueles caras que tão pouco ligando pra ti, com ar esnobe do tipo “amiga, você demora muito tempo pra ficar aqui na recepção respirando o meu ar?” O preço é legal, por volta de £14 mas não tem café da manhã incluso, e se puder, não pegue. Acho que se consegue coisa melhor nos arredores por um preço melhor.

Ó o meu xadrez tartan por tudo :)

O que fazer?

Não consegui conhecer nem metade do que eu queria. Por uma série de razões. Primeira e óbvia: pouco tempo. Precisaria de mais uns 2 dias no mínimo pra fazer tudo o que eu queria. Segunda: a chuvinha amiga acompanhada do ventinho e friozinho queridos, impedia qualquer visita externa de maneira confortável. E outra que viajar em galera é mais complicado pra quem curte mapear a cidade. Estávamos em seis (eu, Gabi, Bruna, Pedro, Rodrigo e Muriel) e inevitavelmente há atraso, um quer fazer isso, outro aquilo. De qualquer forma, foi super divertido (ao menos se tem companhia pra festa e fazer zoeira na loja de pizza e falafel depois das 2 da manhã!)


Os homeless de Galway: Pedro, Rodrigo, Muriel, Bru, eu e Gabi

O centro de Edinburgh ainda mantém o aspecto medieval, com pedras dominando as construções, dando a cara de Old Town. E com um castelo no meio da cidade, não tem como não querer preservar um ambiente similar. O Castelo de Edimburgo é visível de todos os pontos centrais. Erguido sobre a colina de Castle Rock, é uma das atrações principais da cidade. Entrara de £ 16, sem choro pra estudante, menores ou o caramba. 

Castelo de Edimbrrráááá

Todos os dias, às 13h, tem o “One O’clock Gun”, que é tipo um canhão (mas que não é canhão O.o) que atira pontualmente às 13h, menos aos domingos.  Antes disso, um show de gaita de fole, claro. (E não é piada: se ouve gaita de fole por todos os lugares nessa cidade)! Entre as atrações do castelo: zilhões de museus sobre guerra e sobre a guarda escocesa, as joias da coroa da Escócia, prisões antigas, capelas etc. E você pode ser recebido pelo William Wallace na entrada, assim como a gente. Esse ano foi construída provisoriamente uma espécie de arena que servirá pra sediar atrações do festival, que ocorre sempre em agosto. O festival de Edimburgo na verdade é uma miscelânea de festivais de tudo que é tipo: teatro, opera, música, dança, e por aí vai. Meus amigos coreanos vão visitar nessa época. Eu achei as passagens muito caras,  aí não deu. 

Nosso recepcionista do castelo. Prefiro o Mel Gibson, mas né.
Fora dos muros do castelo...

Pra conhecer a cidade, fomos atrás do Free Tour, aquele que eu comentei no post sobre Paris. Já que tinha sido legal lá e o pessoal que tava comigo fez um bacana em Amsterdam, achamos que em Edimburgo também deveria ser massa. E tinha tudo pra ser. Infelizmente, nosso guia era um irish com cara de nerd que falava, falava, falava e falava. O que ele dizia era interessante, mas como ele era muuuito lento e como eu não tinha dormido, já que usamos a madrugada pra viajar, eu tava com muito sono e dormindo em pé. Por sorte (ou não), a Bruna perdeu a carteira (pela primeira vez. Ainda viriam mais). Abandonamos esse free tour. Mas é bem possível que haja guias mais bem instruídos, já que no dia que fizemos o passeio, mais de 4 grupos saíram do ponto de encontro que é na Royal Mile, principal avenida da velha cidade. 

Royal Mile, point da Old Town
Ali na Royal Mile você encontra diversos prédios históricos, catedrais, estátuas homenageando alguém e um coração de pedras cuspido. Sim, dizem que cuspir no coração de Midlothian é pra atrair boa sorte. Aparentemente a história é outra, os locais faziam isso pra demonstrar o quanto estavamo putos com as autoridades e tal. E é comum ver gente passeando numa boa de repente, uma cusparada ali. 
Coração de Midlothian: e teve gente que usou o local pra pedidos de casamento...

E se você for pra lá por esses tempos, não repare: a cidade tá um mega canteiro de obras, com essa história de instalarem o Tram e provavelmente com as Olimpíadas.

Rrrrraped and scrrreeam

Não deu com o free tour, mas deu pra conhecer a cidade de uma maneira peculiar. Dizem que Edimburgo é uma cidade mal assombrada e o pessoal se usa disso para promover os chamados Ghost Tours. Depois de pesquisarmos na internet e olharmos algumas comparações, escolhemos um tour completo com a Mercatours que foi sen-sa-cio-nal. A guia era demais e interagia bastante com a galera. Durante o passeio, passamos por diversos lugares, onde ela ia contando as lendas de cada local. Todas histórias são baseadas em fatos reais, mas sempre com um requinte de terror, com mutilações, torturas e fantasmas. Visitamos também as galerias subterrâneas abandonadas, guiados apenas por uma vela e pela voz da nossa guia, que apresentava os mais famosos casos sobrenaturais do local. No final, ainda deu pra tomar um vinhozinho e ouvir mais histórias numa taverna particular.

Demonstrações de tortura com turistas.
Encontrar pessoas pelo caminho é algo muito comum nessas viagens, tu nunca fica sozinho. Perdido pelo caminho, encontramos o Matt, um australiano que está fazendo mochilão pela Europa. Ele me lembrou MUITO o meu amigo Chemello. Certo que eles iam conversar sobre pergolados e Iberê Camargo (ele não era arquiteto, mas  entendia de arte e não sei la mais o quê). Ele foi um parceiro de passeio e festa, além de ter sido ótimo conversar com um falante nativo. Aqui segue o fotolog do mochilão dele.
Perdidos nas matas de Edimburgo

Comer, comer

Acho que muita gente, assim como eu, quando viaja, adora experimentar a comida local. Na Escócia, um dos pratos típicos é o Haggis. Ao procurar na internet o que era, me arrependi e disse que não ia comer (dá uma olhada na Wikipédia pra ver se dá vontade de comer). Mas paramos pra comer num pub/restaurante muito simpático. Depois de muita enrolação, arrisquei um Haggis com molho de whisky. Ei. A carinha do prato tava delícia e o sabor, melhor ainda. E tinha até vegetariano, feito com vegetais (ou sei lá o quê). Pena que não tenho foto pra provar isso pra vocês. Mas a lição do dia: na dúvida, arrisque. O máximo que vai acontecer é não gostar e ter que comprar outra refeição (ou leve um sanduba na bolsa). O pub é o Nº 12 Black Bull, que fica no Grassmarket, que tem muitos pubs e lojinhas, e durante o dia há aquelas feirinhas de artigos marroquinos e bibibi. Antigamente, o local era palco de muitas execuções e alguns dos estabelecimentos se usam disso pra se promover. 

Pub no Grassmarket

Ah, uma curiosidade: pra quem acha que o kilt tá fora de moda ou é coisa do passado, muito se engana. Aqui é super comum ver homens usando, principalmente em eventos sociais. Como era fim de semana, muitos casamentos e coisas do gênero estavam acontecendo e vi vários senhores vestidos com kilts de luxo, entrando em igrejas e hotéis, acompanhados de mulheres em trajes sociais de festa.

Deve ser o pai da noiva.

Roupa ideal para um ida ao cinema com amigos.

Dois dias é nada pra Edimburgo. Faltou eu ver o Scottish National Gallery, Calton Hill, Royal Botanic Garden e por aí vai. Eu me apaixonei por Edimburgo. Não foi como Paris que me conquistou aos poucos ou Bruxelas que eu me encantei por ser um desafio. Foi amor à primeira vista, assim como Galway. Mas Galway chegou primeiro e já tem meu coração. Por isso, chega de falar de outros lugares. Bora voltar pra lá que é meu lugar (ao menos, por enquanto).

6 comentários:

  1. Que demais o gordenho da ultima foto! Ele podia ser de Winterfell FATO.

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  2. oooooooooooolha minha caraaaa de qm faria o passeio macabro lá!!!
    mah nem fudendo!!

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    1. hahaahah ahh ia ser diveeeerr, vaii.. tá tu e o Silva nunca poderiam fazer. hehehe

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  3. cidades misteriosas e cheias de "causos" de assombração? Adooooooooroooo!!!! Mas ah que eu ia querer ver o tal do monstro do lago que me atormenta desde a infância!!!!! Pensa numa mulher curiosa.....

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    1. Pior que dessa vez não deu pra eu ver. Mas quem sabe na próxima??

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