![]() |
The Custom House |
Algumas pessoas que pensam em vir pra Irlanda me mandaram
e-mail durante esses meses pois estavam na dúvida se escolhiam Dublin ou
Galway. Achei demóóóis, porque descobrir que não é só tua família e amigos que
leem o blog é bem gratificante e tu se acha o máximo hehehe. Mas na verdade, não podia ajudar muito essa
galera porque eu nunca tinha efetivamente visitado Dublin (St. Patrick’s Day
não conta nessas horas, definitely). Eu só podia falar sobre isso baseado no porquê da
minha escolha. Desde o início eu já tinha gamado em Galway porque eu curto
muito essa coisa mais tradicional, mais interior, mais cara de Irlanda. Só que se compararmos na questão de grana, os
valores das escolas de Dublin são mais baratos do que os de Galway devido ao número de
instituições que há na capital, gerando mais concorrência e claro, melhores preços.
Enfim... esse final de semana visitei uma amiga coreana em
Dublin. De cara já constatei algo que eu nunca quis admitir pra mim mesma, mas
que é a mais pura verdade: eu tenho fobia de cidade grande. Aquele barulho,
aquela correria, carros, pessoas, buzinas, sirenes, gritos. Isso me passa uma sensação meio de pânico e
histeria. Algo que definitivamente não me soa saudável (falou a velha colona dona de sete gatos e um lote atrás de casa).
Dublin é uma cidade velha, mas bonita, que mantém alguns
traços irlandeses, mas deixa evidente a mistura que se tornou. Espanhois,
coreanos, indianos, africanos, brasileiros – MUITOS brasileiros. Resolvemos dar
uma volta pela cidade, conhecer alguns pontos, praças, prédios históricos. Tudo muito bonito e tal, claro. Mas sabe
quando tu chega num ambiente aconchegante e se sente bem? Dublin não foi o caso
pra mim. Pra reforçar isso, encontrei uma amiga brasileira que há anos não via.
Fomos a um evento na cidade, o Tall Ships. Confesso que não entendi o
propósito daquilo, sendo que não vi quase nenhum navio. Só uma multidão indo
pra todos os lados, com chapeuzinho de marinheiro. Até o Volvo Ocean Race de
Galway, que eu n achei grande coisa, batia de 10 a zero nesse festival, já que ao menos tinha um propósito. Claro, talvez
isso tenha acontecido porque eu não me programei, ou porque n fui nos lugares
certos. Mas esse ambiente caótico e insosso tava me pertubando.
![]() |
Agitação na Grafton St. |
Isso significa que é hora de buscar refúgio no canto sagrado
da Irlanda, onde tudo fica mais bonito: o pub! Certo? Errado. A cara de tacho
do atendente – que eu arrisco dizer que era gerente – era de dar dó. Depois de
ter nos ignorado por muito tempo, ele finalmente nos atendeu sem nem ouvir, já dizendo:
“Pra vocês é chá, né? Pq eu só vendo bebida com identidade.” Na hora achei que
brincadeira e me senti lisonjeada – “Uau,
ainda engano com uma carinha de 18, Yes! “ Mas não, o cara foi um estúpido
mesmo. Cadê as pessoas legais e
amigáveis??? Onde estão vocês?? Eu sei que vocês também existem em Dublin!!!
Me senti uma colona do interior na cidade grande quando entrei na loja da Prada, com seu carpete branco reluzente e preços um pouco acima do meu patamar. Só faltou o chapéu
de palha, a sandália com meia e a enxada nas costas pra completar a cena. Eu tava era abismada com todo aquele luxo. É tudo muito... muito! hehe. No centro da cidade tu tem uma
overdose de lojas. Enormes, com 2, 3, 4 andares, milhões de opções que no
início pareciam fantásticas, mas aos poucos foram se tornando iguais. E aos poucos tudo aquilo foi ficando meio chato... Não sei
se foi birra minha ou se o meu resfriado iminente era o culpado, mas eu já
tava perdendo as esperanças quanto essa cidade.
![]() |
Temple Bar e suas figuras exóticas |
Até que finalmente achei um canto onde eu pude respirar: O
Temple Bar. E não foi por causa dos pubs não. Ali é um dos centros culturais da
cidade, com lojinhas vintage, de design, produção própria e também com teatros,
cinemas, escolas de arte/atuação/cinema e onde fica o Instituto de Filmes da
Irlanda. Além disso, almocei num restaurante italiano super 10, onde fizemos amizade com toda galera e, de quebra, minha amiga já arranjou uma oportunidade de trabalho.
A partir daí, finalmente comecei a olhar pro brightside de
Dublin e perceber que afinal de contas, é uma cidade legal, sim. Eu que não tava no meu melhor dia. A gente só
precisa achar o lugar em que a gente melhor se encaixa. Sem contar que tem
inúmeras opções pra tudo: restaurantes, lojas, entretenimento, etc.
![]() |
Yu Kyung com Chinotto, um refri italiano feito com laranja |
Então agora se me perguntam Dublin ou Galway, eu já tenho
uma resposta mais concreta. A minha dica primordial é: saiba do que você
gosta e o que você procura numa cidade quando fizer intercâmbio. Se tu é do
tipo de pessoa que é cosmopolita, gosta de agito, diversidade, barulho, Dublin é uma baita escolha, tá no caminho certo. Agora, se tu é
mais chegado numa old town, com carinha mais típica, mais interior, sem todo
auê de cidade grande, mas animada e agradável, Galway é perfeita pra isso. Não
leve em conta o número de brasileiros. Galway tem bastante e nem por isso eu mudei de ideia ou aprendi menos. Teu aprendizado depende basicamente da TUA atitude perante a isso.
Eu voltei pra Galway com duas certezas: a primeira, de que
eu tinha feito a escolha certa vindo pra cá. A segunda é a de que eu tava resfriada... droga :/