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Vista do Castelo de Edimburgo |
Nem deu tempo de respirar em Galway, já me mandei pra terra
do Monstro do Lago Ness (mas não visitei o dito cujo). A Escócia é um lugar que sempre tive vontade de conhecer. Eu
já fazia parte da banda escocesa do colégio e amava o xadrez escocês dos kilts,
o chamado tartan (momento cultural). Num impulso incosequente, me mandei pra
Edimburgo pra passar dois dias de chuva com uma galera da escola. Ah sim, você deve estar se perguntando...
“inconsequente por quê?” Tá... talvez você não esteja se perguntando, mas eu
explico de qualquer forma.
A cabeçuda aqui fez a maior pressão na galera pra viajar no final
de semana do dia 9 de junho e passar 3 ou 4 dias. Só que a cabeçuda também
esqueceu que era o mesmo final de semana do show do Mumford & Sons, cujo
qual eu havia comprado ingresso há mais de um mês. Esperta né? Pena que só me
dei conta disso minutos DEPOIS de termos comprado as passagens. Tive que voltar antes, porque né... não ia perder o show.
Perdeu, playboy
E aqui galera, fica a dica: Ryanair às vezes não é tão legal
assim. Tudo bem que é um Visatão voador com preços super legais, que te leva
por toda Europa. Porém, essa promoção toda tem seu preço. Como o serviço de
compra funciona basicamente pela internet, tudo que você fizer de errado... bem,
a culpa é sua. Você paga por isso. No meu caso, por exemplo, compramos seis
passagens juntas. Eu gostaria de mudar apenas o meu voo para um dia antes. Ok,
posso fazer isso, BUT tem que pagar uma taxinha básica de 60 euricos. Ahhh
errou o nome também? Sem problema, pague mais 110 euros que tá de boa, aí sim você
pode embarcar. Resumindo a novela: se tu fez bobagem, vale mais a pena comprar
outra passagem e perder essa grana do que modificar alguma coisa no teu voo.
Pra quem não conhece: a Ryanair é uma companhia aérea low
cost, ou seja, faz voos por preços acessíveis. Por exemplo: minha ida e volta de
Dublin até Edimburgo teria custado por volta de 45 euros (se eu não tivesse
cagado na vara). Então, é realmente
barato. Outra coisa: na hora da bookar o
voo têm muitos “pega-ratão”. Durante o momento da compra, muitos serviços
acabam sendo assinalados sem querer, como seguro de vida, aluguel de carro,
bagagem extra, etc., aumentando o preço do ticket sem tu te dar conta. Então,
fique esperto.
E mais: pelo preço da passagem, só é possível levar
bagagem de mão que não ultrapasse o tamanho de 55cm x 40cm x 20cm, pesando no máximo 10
kg. E tem que enfiar tudo ali.. bolsa, chave, câmera... Tem até uma gaiolinha
bem simpática em frente do check in pro pessoal averiguar se tua mala entra ou
não. Não é difícil ver neguinho apanhando pra fazer caber. Ah, não coube? Extra
charge pra ti: paga. Ou então, faça como eu e milhares de passageiros: vista
todas as blusas que tu tens, enfie as lembrancinhas no bolso, finja que caiu na
cantada do atendente... São inúmeras possibilidades de dar um jeitinho
brasileiro nessa situação e sem precisar fazer nada ‘ilegal’.
Fala de Edimburgo, guria!
Dados os toques sobre Ryanair, vamos a Edimburgo. O sotaque
forte já é logo visto no nome da cidade. Edinburgh, ou melhor “Edimbrrááá”, que aprendi a pronunciar
em uma aula de inglês com o Jeff na Skill, é melancolicamente encantadora. O
cenário faz tu se sentir em algum filme à lá Sherlock Holmes. Mesmo com dois
dias de tempo péssimo, chuvoso e nublado, é fácil perceber a beleza da cidade.
De fato, acho que até deu um clima mais escocês. Mas o frio era super dispensável.
Errei no figurino, pra variar.
A gente ficou num hostel muito bom, o Westend, localizado
na Palmerston Place, pertinho da St. Mary’s Cathedral. O problema era o
atendente. Sabe aqueles caras que tão pouco ligando pra ti, com ar esnobe do
tipo “amiga, você demora muito tempo pra ficar aqui na recepção respirando o meu
ar?” O preço é legal, por volta de £14 mas não tem café da manhã incluso, e se puder, não pegue. Acho que se consegue
coisa melhor nos arredores por um preço melhor.
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Ó o meu xadrez tartan por tudo :) |
O que fazer?
Não consegui conhecer nem metade do que eu queria. Por uma
série de razões. Primeira e óbvia: pouco tempo. Precisaria de mais uns 2 dias
no mínimo pra fazer tudo o que eu queria. Segunda: a chuvinha amiga acompanhada
do ventinho e friozinho queridos, impedia qualquer visita externa de maneira
confortável. E outra que viajar em galera é mais complicado pra quem curte
mapear a cidade. Estávamos em seis (eu, Gabi, Bruna, Pedro, Rodrigo e Muriel)
e inevitavelmente há atraso, um quer fazer isso, outro aquilo. De qualquer
forma, foi super divertido (ao menos se tem companhia pra festa e fazer zoeira na loja de pizza e falafel depois das 2 da manhã!)
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Os homeless de Galway: Pedro, Rodrigo, Muriel, Bru, eu e Gabi |
O centro de
Edinburgh ainda mantém o aspecto medieval, com pedras dominando as construções, dando a cara de Old Town.
E com um castelo no meio da cidade, não tem como não querer preservar um
ambiente similar. O Castelo de Edimburgo é visível de todos os pontos centrais. Erguido sobre a colina de Castle Rock, é uma das atrações
principais da cidade. Entrara de £ 16,
sem choro pra estudante, menores ou o caramba.
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Castelo de Edimbrrráááá |
Todos os dias, às 13h, tem o “One O’clock Gun”, que é tipo
um canhão (mas que não é canhão O.o) que atira pontualmente às 13h, menos aos
domingos. Antes disso, um show de gaita
de fole, claro. (E não é piada: se ouve gaita de fole por todos os lugares
nessa cidade)! Entre as atrações do castelo: zilhões de museus sobre guerra e
sobre a guarda escocesa, as joias da coroa da Escócia, prisões antigas, capelas
etc. E você pode ser recebido pelo William Wallace na entrada, assim como a
gente. Esse
ano foi construída provisoriamente uma espécie de arena que servirá pra sediar
atrações do festival, que ocorre sempre em agosto. O festival de Edimburgo na
verdade é uma miscelânea de festivais de tudo que é tipo: teatro, opera,
música, dança, e por aí vai. Meus amigos coreanos vão visitar nessa época. Eu
achei as passagens muito caras, aí não
deu.
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Nosso recepcionista do castelo. Prefiro o Mel Gibson, mas né. |
Fora dos muros do castelo...
Pra conhecer a cidade, fomos atrás do Free Tour, aquele que
eu comentei no post sobre Paris. Já que tinha sido legal lá e o pessoal que
tava comigo fez um bacana em Amsterdam, achamos que em Edimburgo também deveria
ser massa. E tinha tudo pra ser. Infelizmente, nosso guia era um irish com cara
de nerd que falava, falava, falava e falava. O que ele dizia era interessante,
mas como ele era muuuito lento e como eu não tinha dormido, já que usamos a
madrugada pra viajar, eu tava com muito sono e dormindo em pé. Por sorte (ou
não), a Bruna perdeu a carteira (pela primeira vez. Ainda viriam mais).
Abandonamos esse free tour. Mas é bem possível que haja guias mais bem
instruídos, já que no dia que fizemos o passeio, mais de 4 grupos saíram do
ponto de encontro que é na Royal Mile, principal avenida da velha cidade.
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Royal Mile, point da Old Town |
Ali
na Royal Mile você encontra diversos prédios históricos, catedrais, estátuas homenageando
alguém e um coração de pedras cuspido. Sim, dizem que cuspir no coração
de Midlothian é pra atrair boa sorte. Aparentemente a história é outra, os locais faziam isso pra demonstrar o quanto estavamo putos com as autoridades e tal. E é
comum ver gente passeando numa boa de repente, uma cusparada ali.
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Coração de Midlothian: e teve gente que usou o local pra pedidos de casamento... |
E se você for pra lá por esses tempos, não repare: a cidade
tá um mega canteiro de obras, com essa história de instalarem o Tram e provavelmente
com as Olimpíadas.
Rrrrraped and scrrreeam
Não deu com o free tour, mas deu pra conhecer a cidade de
uma maneira peculiar. Dizem que Edimburgo é uma cidade mal assombrada e o
pessoal se usa disso para promover os chamados Ghost Tours. Depois de
pesquisarmos na internet e olharmos algumas comparações, escolhemos um tour
completo com a Mercatours que foi sen-sa-cio-nal. A guia era demais e interagia
bastante com a galera. Durante o passeio, passamos por diversos lugares, onde ela
ia contando as lendas de cada local. Todas histórias são baseadas em fatos
reais, mas sempre com um requinte de terror, com mutilações, torturas e
fantasmas. Visitamos também as galerias subterrâneas abandonadas, guiados
apenas por uma vela e pela voz da nossa guia, que apresentava os mais famosos casos
sobrenaturais do local. No final, ainda deu pra tomar um vinhozinho e ouvir
mais histórias numa taverna particular.
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Demonstrações de tortura com turistas. |
Encontrar pessoas pelo caminho é algo muito comum nessas
viagens, tu nunca fica sozinho. Perdido pelo caminho, encontramos o Matt, um
australiano que está fazendo mochilão pela Europa. Ele me lembrou MUITO o meu
amigo Chemello. Certo que eles iam conversar sobre pergolados e Iberê Camargo (ele
não era arquiteto, mas entendia de arte
e não sei la mais o quê). Ele foi um parceiro de passeio e festa, além de ter
sido ótimo conversar com um falante nativo. Aqui segue o
fotolog do mochilão
dele.
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Perdidos nas matas de Edimburgo |
Comer, comer
Acho que muita gente, assim como eu, quando viaja, adora
experimentar a comida local. Na Escócia, um dos pratos típicos é o Haggis. Ao
procurar na internet o que era, me arrependi e disse que não ia comer (dá uma
olhada na
Wikipédia pra ver se dá vontade de comer). Mas paramos pra comer
num pub/restaurante muito simpático. Depois de muita enrolação, arrisquei um
Haggis com molho de whisky. Ei. A carinha do prato tava delícia e o sabor,
melhor ainda. E tinha até vegetariano, feito com vegetais (ou sei lá o quê).
Pena que não tenho foto pra provar isso pra vocês. Mas a lição do dia: na dúvida, arrisque. O máximo que vai acontecer é não gostar e
ter que comprar outra refeição (ou leve um sanduba na bolsa). O pub é o Nº 12 Black Bull, que fica no Grassmarket, que tem
muitos pubs e lojinhas, e durante o dia há aquelas feirinhas de artigos marroquinos
e bibibi. Antigamente, o local era palco de muitas execuções e alguns dos
estabelecimentos se usam disso pra se promover.
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Pub no Grassmarket |
Ah, uma curiosidade: pra quem acha que o kilt tá fora de
moda ou é coisa do passado, muito se engana. Aqui é super comum ver homens
usando, principalmente em eventos sociais. Como era fim de semana, muitos
casamentos e coisas do gênero estavam acontecendo e vi vários senhores vestidos
com kilts de luxo, entrando em igrejas e hotéis, acompanhados de mulheres em
trajes sociais de festa.
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Deve ser o pai da noiva. |
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Roupa ideal para um ida ao cinema com amigos. |
Dois dias é nada pra Edimburgo. Faltou eu ver o Scottish
National Gallery, Calton Hill, Royal Botanic Garden e por aí vai. Eu me
apaixonei por Edimburgo. Não foi como Paris que me conquistou aos poucos ou
Bruxelas que eu me encantei por ser um desafio. Foi amor à primeira vista,
assim como Galway. Mas Galway chegou primeiro e já tem meu coração. Por isso, chega
de falar de outros lugares. Bora voltar pra lá que é meu lugar (ao menos, por
enquanto).